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História da comunidade judaica no Pará
A segunda comunidade judaica organizada na história do Brasil, após a comunidade em Recife no período colonial, foi fundada em Belém, capital do Estado do Pará, a partir da década de 1820, com o início da imigração de judeus do Marrocos (por sua vez oriundos da Península Ibérica nos séculos 15 e 16).
Com a Abertura dos Portos, em 1808, D. João VI permitiu e incentivou o comércio internacional do Brasil, o que propiciou tolerância religiosa e atraiu ao país viajantes, cientistas e comerciantes. O tratado comercial assinado com a Inglaterra em 1810 assegurava, por sua vez, que não haveria qualquer discriminação a outras religiões. A Inquisição, já praticamente sem ação no Brasil, teve um fim formal em 1821 e a Constituição de 1824, promulgada por Dom Pedro I, garantiu a liberdade de culto, desde que não exercido publicamente.
Todos estes fatores deixaram o Brasil permeável à vinda de estrangeiros não católicos, incluindo judeus e protestantes. Atraídos pela riqueza da borracha (mas também especiarias, cacau e drogas do sertão) e as possibilidades comerciais em torno deste produto no início do século 19, imigrantes judeus chegaram à região amazônica e se estabeleceram em cidades tais como Gurupá, Cametá, Macapá, Breves, Baião, Itaituba, Boim, Aveiros, Santarém, Óbidos, Alenquer, Monte Alegre, Juruti, Faro, Oriximiná, Parintins, Maués, Itacoatiara, Manaus, Manacapuru, Coari, Tefé, Manicoré, Humaitá, Porto Velho, Guajará-Mirim, Fortaleza do Abunã, Rio Branco, Tarauacá, Sena Madureira e outras e, conforme lembra o professor Samuel Benchimol, trabalharam lado a lado com nordestinos, sírio-libaneses e imigrantes de outros países. Foi, nas palavras de Benchimol, a fase da geração dos pioneiros, em que os judeus foram viver e trabalhar no interior da Amazônia e ao longo dos rios da região.
Em Belém, judeus fundaram a primeira casa de oração (sinagoga sem face pública, o que era restringido pela Constituição do Império) moderna no país, a sinagoga Shaar Hashamain, em torno de 1824, segundo relatos que chegaram ao século 20. Em 1842, foi fundado um cemitério judaico na cidade. Outra sinagoga, Essel Abraham, foi fundada na capital do Pará em 1889/1892. A língua falada pelos judeus do Marrocos era o hakitía, amálgama de espanhol, hebraico, árabe e português.
O ciclo da borracha na virada para o século 20 atraiu mais imigrantes de vários países, incluindo judeus. Nos anos da Primeira Guerra Mundial, a comunidade chegou a contar com cerca de 800 pessoas. Também havia pequenos núcleos em outras localidades ao longo da Amazônia, em Itacoatiara, Cametá, Parintins, Óbidos, Santarém, Humaitá e outras cidades, mas não se estabeleceram comunidades organizadas. Parte destes judeus se misturou à população local, dando origem a muitas lendas regionais.
Em 1918, foi fundado em Belém o Centro Israelita do Pará e em 1919, a escola Dr. Weizman, marcos da comunidade judaica na cidade. Ainda em 1918, o major Eliezer Levy fundou o jornal “Kol Israel”, de linha sionista.
A comunidade atual, com cerca de 450 famílias, é formada pelos descendentes dos imigrantes marroquinos, somados aos imigrantes da Europa Oriental, ashquenazim, que vieram no período do entreguerras e em outras imigrações posteriores.
O isolamento geográfico, aliado à homogeneidade dos marroquinos, a pouca influência de outros grupos judaicos e as trocas culturais com a população local são alguns dos fatores que fazem do judaísmo da Amazônia algo diferenciado dentro do judaísmo do Brasil e da diáspora como um todo. Os costumes e tradições do Marrocos ainda se mantêm, mesmo com a chegada de judeus asquenazitas no período entre-guerras. Estes se adequaram ao estilo marroquino dos judeus da Amazônia.
O texto acima é do historiador Roney Cytrynowicz. O último parágrafo é de Reneé Avigdor.
Bibliografia:
Benchimol, Samuel. Eretz Amazônia. Os judeus da Amazônia. Manaus, Valer, 2008.
Falbel, Nachman. David José Pérez. Uma biografia. R.J., Garamond, 2005.
Bibliografia:
Benchimol, Samuel. Eretz Amazônia. Os judeus da Amazônia. Manaus, Valer, 2008.
Falbel, Nachman. David José Pérez. Uma biografia. R.J., Garamond, 2005.
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