Seguidores

terça-feira, 11 de dezembro de 2018

Ibama aponta 'problemas técnicos' e nega licença para exploração de petróleo na Amazônia

Por John Pacheco, G1 AP — Macapá
 

Descoberta de corais motivou campanha contra a exploração na área — Foto: ©GreenpeaceDescoberta de corais motivou campanha contra a exploração na área — Foto: ©Greenpeace
Descoberta de corais motivou campanha contra a exploração na área — Foto: ©Greenpeace
O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Energias Renováveis (Ibama) negou na sexta-feira (7) a licença ambiental para a exploração de petróleo na foz do rio Amazonas, na Costa do Amapá. O órgão alegou em despacho que encontrou "um conjunto de problemas técnicos" nos planos apresentados pela petroleira Total E&P, que venceu licitação para blocos na região.
A Rede Amazônica não conseguiu contato com a empresa até a última atualização desta reportagem. Para o Ibama, entre as deficiências apontadas, está a "incerteza" no Plano de Emergência Individual (PEI), que gerencia possíveis vazamentos de óleo e os efeitos na biodiversidade marinha na área.
A licença foi impedida para os cinco blocos de exploração arrematados pela empresa em 2013. O Ibama informou que todos as oportunidades para complementar e esclarecer os pontos detectados foram ofercidas à Total. A empresa foi notificada do despacho na sexta-feira.
Empresa não conseguiu apresentar solução satisfatória para evitar danos ambientais — Foto: ©GreenpeaceEmpresa não conseguiu apresentar solução satisfatória para evitar danos ambientais — Foto: ©Greenpeace
Empresa não conseguiu apresentar solução satisfatória para evitar danos ambientais — Foto: ©Greenpeace
"A empresa registra que existem no mercado diversas soluções tecnológicas que são empregadas para viabilizar o recolhimento de óleos pesados ou emulsões de água em óleo na superfície do mar, entretanto não informa, entre as metodologias apresentadas, qual será efetivamente adotada em caso de ocorrência de acidentes", diz trecho do parecer técnico.
As áreas para exploração das empresas ficam na costa norte do estado, e recentemente, foram descobertas pelo Greenpeace formações de corais na área, ameaçadas pela exploração. A ONG comemorou a decisão do Ibama e reforçou a campanha realizada mundialmente em defesa dos corais.
"Essa é uma ótima notícia para os Corais da Amazônia, um ecossistema único e do qual ainda se sabe pouco. E uma ótima notícia para as comunidades locais e o ativismo ambiental porque prova o poder da mobilização popular. Essa vitória mostra que o ativismo, assim como o trabalho técnico realizado pelo Ibama, devem ser valorizados no país", diz, em nota, Thiago Almeida, coordenador da campanha Defenda os Corais da Amazônia, do Greenpeace Brasil.
Corais se estendem por extensa área na costa brasileira — Foto:  ©Victor Moriyama/GreenpeaceCorais se estendem por extensa área na costa brasileira — Foto:  ©Victor Moriyama/Greenpeace
Corais se estendem por extensa área na costa brasileira — Foto: ©Victor Moriyama/Greenpeace

Corais da Amazônia

Identificados em 2016, o ecossistema considerado único está localizado há 100 quilômetros da costa, podendo ser percebido há 220 metros de profundidade. A estrutura do recife é formada por esponjas, corais e rodolitos, além de um grande paredão de carbonato de cálcio.
Como são de água barrenta, eles têm características próprias até então nunca vistas na ecologia marinha. A extensão dos corais é cerca de 20% maior que a região metropolitana de São Paulo.
Para o Greenpeace, que realizou uma expedição submarina na região no início de 2017, os recifes estão ameaçados pelo fato de estarem localizados dentro dos lotes a serem explorados pelas petrolíferas. A viagem da entidade foi a primeira a descer na área.
Corais existem na costa do Amapá — Foto: Divulgação/GreenpeaceCorais existem na costa do Amapá — Foto: Divulgação/Greenpeace
Corais existem na costa do Amapá — Foto: Divulgação/Greenpeace
Tem alguma notícia para compartilhar? Envie para o Tô Na Rede!
    6
     
    COMENTÁRIOS
    Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.
    RECENTES
    POPULARES
    • Jorge Uz
      HÁ UM DIA
      Olha, o que me causa muito espanto, é o Ibama afirmar que não pode retirar o petróleo e ser taxativo na afirmação. Há no Ibama um departamento composto por engenheiros que fizeram um estudo aprofundado dos riscos, ou simplesmente dizem que não por ser uma área de corais? O Brasil precisa de seriedade nas decisões e não quem defenda somente suas ideias.
      MAIS DO G1

      sexta-feira, 30 de novembro de 2018

      igreja no Brasil se organiza para o Sínodo Amazônico



      Floresta Amazônica



      igreja no Brasil se organiza para o Sínodo Amazônico

      Apesar dos desafios inerentes à abrangência e complexidade da região amazônica, o encontro está sendo bem preparado, afirma Dom Leonardo Steiner.
      Elisa Ventura, Silvonei José – Cidade do Vaticano
      A Floresta Amazônica é considerada o pulmão do planeta, com uma extensão total aproximada de 5,5 milhões de km², segundo dados oficiais. No último dia 23, o governo brasileiro registrou a pior devastação na região amazônica nos últimos 10 anos. Uma expansão de 13,7% que corresponde a uma área equivalente a mais de cinco vezes a capital de São Paulo. A floresta é só um dos desafios, além de questões relacionadas aos indígenas, minerações, água e à vida das pessoas que habitam a região. O próximo Sínodo será abragente, mas está sendo bem organizado, afirmou o secretário-geral da Conferência Episcopal dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Leonardo Steiner. Ele esteve em Roma e conversou com Silvonei José da Rádio Vaticano – Vatican News.
      Ouça a reportagem!
      “As dioceses, as comunidades da região da Pam Amazônia estão participando muito da preparação.   Você citou vários elementos e eu acrescentaria a realidade urbana que é uma realidade gritante na Amazônia. É quase assustadora. Pensa a cidade de Belém é enorme, a cidade de Manaus é enorme, com realidades enormes de pobreza, toda a realidade dos nossos ribeirinhos, dos pequenos povos indígenas que não têm contato conosco, brancos. A devastação da Amazônia que nós não sabemos onde vamos parar como mundo. Isso tudo vai ter que estar presente no Sínodo”, disse Dom Leonardo.  
      O secretário-geral da CNBB falou ainda sobre o trabalho da comissão episcopal para a Amazônia e dos bispos que fazem parte das dioceses que compõe a região. Uma das preocupações é a de inserir dioceses que não fazem parte da Pam Amazônia para que participem da preparação e possam depois repercutir o resultado do Sínodo em todo o Brasil e nos países vizinhos.
      “Só o fato de os bispos da Pam Amazônia se reunirem, refletirem, discutirem e rezarem realizando a realidade da Amazônia já é um grande passo”, afirmou.
      Ouça a entrevista!
      Sínodo dos Jovens
      A inciativa do Papa Francisco de enviar previamente um texto sobre o Sínodo dos Jovens às paróquias foi positiva, segundo Dom Leonardo. Para o bispo, dessa forma o Santo Padre conseguiu envolver não só os jovens, mas todos que, de alguma forma, estavam envolvidos.
      “Eu creio que o Santo Padre foi muito inteligente e um grande Pastor. Esse texto foi discutido em todas as dioceses. Nós recebemos contribuições de quase todas as dioceses do Brasil. E não são poucas: 276”, disse.
      Dom Leonardo afirma que essa preparação prévia ajudou na construção e na comunhão do Sínodo. A possibilidade de o jovem fazer a sua opção de fé e, assim, poder realmente realizar a sua escolha vocacional foram duas finalidades do encontros dos bispos.  
      “Eu não sei se o Santo Padre depois ainda vai escrever um texto, a partir desse texto do Sínodo ou se vamos ficar só nesse, mas esse já vai nos ajudar muito. A questão agora é como entregá-lo nas mãos dos jovens, como criarmos grupos que reflitam-no. Como, a partir dele, os nossos jovens podem ser mais atuantes, mais discípulos missionários. Os jovens têm esse desejo do impulso de uma vida nova, de uma transformação, de um novo horizonte e nós esperamos que eles sejam os primeiros evangelizadores dos jovens”, finalizou.   

      29 novembro 2018, 10:41