CUPUAÇU
O cupuaçuzeiro (Theobroma grandiflorum) é uma fruteira nativa da região amazônica e foi introduzida no sul da Bahia em 1930, na antiga Estação Experimental de Água Preta, no município de Uruçuca. Geralmente é procurado pelo sabor típico de seus frutos, em que há o aproveitamento da polpa e das sementes pelas indústrias alimentícias e de cosméticos, em virtude de suas propriedades sensoriais e químicas. O seu fruto mede de 12 a 15 cm de comprimento e tem de 10 a 12 cm de diâmetro, apresentando em média peso de 1 kg, sendo 30% de polpa e 35 sementes.
Por ser uma espécie de boa adaptação à sombra, o cupuaçu propicia a formação de consórcios com outras plantas de porte florestal, permitindo bons resultados econômicos e ecológicos. É uma fruta tropical com grande potencialidade econômica para a região sudeste da Bahia. No Estado, a área cultivada é de aproximadamente 1.200 ha, sendo mais da metade em desenvolvimento. A produção de polpa é estimada em 300 toneladas, sendo que cada planta produz de 30 a 40 frutas por ano.
CLIMA E SOLO
O cultivo é recomendado em regiões com temperaturas médias anuais superiores a 22ºC, pluviosidade acima de 1500 mm bem distribuídos e umidade relativa do ar acima de 75%. É uma cultura adaptada em terra firme, podendo ser cultivada em solos de baixa, média e alta fertilidade, com boa estruturação física. Os solos mais recomendados são os areno-argilosos, profundos e com boa drenagem.
VARIEDADES
As variedades conhecidas e exploradas comercialmente estão agrupadas conforme o formato dos frutos:
Cupuaçu-redondo - fruto com extremidades arredondadas, casca com 6 a 7 mm de espessura, peso médio de 1,5 kg, sendo o tipo mais cultivado na região amazônica.
Cupuaçu-mamorana - fruto com as extremidades alongadas, casca com 6 a 7mm de espessura, pesando em média 2,0 kg. Cupuaçu-mamau – também conhecido como “sem-caroço”, tem formato semelhante ao cupuaçu-redondo, caracteriza-se por não apresentar sementes. O peso médio do fruto é de 2,5 kg, chegando a atingir 4,0 kg.
O rendimento médio da variedade sem-sementes é de 70%, enquanto os com sementes é de 30%.
FORMAÇÃO DE MUDAS
No plantio comercial de cupuaçu deve-se utilizar mudas propagadas por semente ou por via vegetativa, através da enxertia. O cupuaçuzeiro é formado à semelhança da muda de cacau. As sementes devem vir de plantas matrizes produtivas e sadias e de frutos com boas características de rendimento de polpa.
As sementes devem ser despolpadas e posteriormente lavadas e colocadas para secar à sombra por dois dias. A seguir, são colocadas diretamente em sacos de polietileno ou para germinação em leito de areia e pó de serra curtido na proporção 1:1. Em condições normais as mudas germinam após o décimo quinto dia. No caso de sementeira, podem ser transplantadas quando estiverem com 10 a 15 cm. Depois, devem ser mantidas em viveiro coberto até alcançarem 30 centímetros de altura (4 a 5 meses). Em caso de enxertia, o material a ser enxertado (garfo ou borbulha) deve vir de ramos já produtivos e de diferentes plantas matrizes, para evitar a auto-incompatibilidade na polinização. Na Bahia, a pesquisa básica de melhoramento genético do cupuaçuzeiro visa a obtenção de clones produtivos, com frutos de bom tamanho e rendimento em polpa, resistência a pragas e doenças e ampliação do período de colheita durante o ano.
PLANTIO
O cupuaçuzeiro desenvolve-se melhor com sombreamento nos dois primeiros anos, podendo ser cultivado a pleno sol ou em sombreamento pouco denso. Portanto, pode ser instalado em capoeiras ou em sistemas de consórcio com outras espécies como a bananeira, a pupunheira, a seringueira e outras plantas de porte florestal. O plantio das mudas deve ser feito em covas de 40 x 40 x 40 cm, adubadas com 10 litros de esterco curtido e mais 100 gramas de superfosfato triplo. Usa-se cobertura morta em volta das mudas, a fim de manter a umidade do solo e controlar o desenvolvimento de ervas daninhas.
As mudas provenientes de sementes são plantadas quando atingem de 5 a 6 meses de idade e uma altura de 40 a 50 cm. As mudas enxertadas oriundas de matrizes selecionadas com produtividade média acima de 40 frutos por planta/ano e peso médio de frutos entre 1 a 1,5 kg, com 8 a 9 meses de idade, medindo 70 a 80 cm de altura, devem ser plantadas em covas de 4 metros em todas as direções e em espaçamentos que variam de 5 x 5 m até 8 x 8 m em triângulo eqüilátero. Antes do estabelecimento do pomar, recomendam-se dois tipos de sombreamento: o provisório - utilizando a cultura da bananeira em espaçamento de 3 x 3 m e um sombreamento definitivo, utilizando-se plantas de porte florestal de valor econômico, a exemplo de cajazeira e seringueira nos espaçamentos que variam de 15 x 15 m a 20 x 20 m.
ADUBAÇÃO E CALAGEM
As adubações devem ser realizadas em função dos resultados da análise química do solo. No geral, as formulações e doses de adubos orgânicos e minerais preconizadas são baseadas em observações de natureza prática.
Para solos de baixa fertilidade, recomendam-se os seguintes procedimentos de adubação: - Para o primeiro ano de plantio, 300g de formulação 10-28-20 (NPK) por planta, em 4 aplicações de 100g, com intervalo de 3 meses; - No segundo ano, 500g/planta, com o mesmo intervalo de aplicação; -A partir do terceiro ano, 200g/planta/aplicação, parcelada em três vezes no ano.
ESPAÇAMENTO
O espaçamento varia de acordo com o tipo de muda, que pode ser pé-franco (mudas formadas de sementes) ou enxertada. Para as mudas de pé-franco, recomenda-se o espaçamento de 7 x 7 m em triângulo eqüilátero, permitindo uma densidade de 244 plantas/ha. Para plantio das mudas de enxertia, que apresentam menor porte, recomenda-se o espaçamento de 6 x 6 m em triângulo eqüilátero, permitindo uma densidade de 319 plantas por hectare.
TRATOS CULTURAIS
Controle de ervas daninhas – as plantas daninhas dificultam o crescimento normal das plantas. Recomenda-se efetuar de dois a três coroamentos e até três limpas durante o ano.
Podas – as podas de formação e manutenção objetivam manter a planta com porte baixo, facilitar os tratos culturais e reduzir o impacto dos frutos na queda. A poda de formação é efetuada no primeiro ano de idade da planta, cortando-se o broto terminal após o primeiro ou segundo fuste para promover a divisão do tronco principal em dois. A poda de manutenção direciona a distribuição dos galhos e elimina os ramos indesejáveis, secos ou doentes.
COLHEITA E PRODUÇÃO
A colheita é realizada de quatro a cinco meses após a floração. A colheita é feita manualmente, duas ou três vezes por semana, coletando-se os frutos maduros após a queda. A partir das primeiras safras, as plantas começam a produzir em escala crescente, até a estabilização, que ocorre no quinto ano após o plantio.
O rendimento médio do fruto é de 36% de polpa, 46% de casca e 18% de sementes. A produtividade média nas condições do sul da Bahia é de 40 frutos/planta/ano.
COMERCIALIZAÇÃO
A exemplo da maioria dos produtos agrícolas, a comercialização do cupuaçu é feita diretamente do produtor para o intermediário, ou o produto é colocado nas Centrais de Abastecimento das regiões produtoras. Os preços variam em função do excesso ou escassez da produção. No sul da Bahia a comercialização é feita às margens de rodovia, em feiras livres e diretamente com as indústrias processadoras de polpas da região e até de outras regiões do país.
PRODUTOS
O cupuaçu é utilizado na elaboração de sorvete, néctar, doce, geléia, iogurte, licor, xarope, biscoito e bombom. Na culinária doméstica, a polpa tem larga aplicação, com destaque para cremes, pudins, tortas, bolos e pizzas. As sementes servem para a fabricação do cupulate, produto com características nutritivas similares às do chocolate; já a gordura, é utilizada na indústria de cosméticos.
Para cada 100 kg de sementes frescas, são obtidos 45,5 kg de sementes secas, 42,8 kg de sementes torradas e 31,2 kg de amêndoas sem casca. Destas, pode-se obter 13,5 kg de manteiga de cupuaçu.
Gilberto de Andrade Fraife Filho
Engenheiro Agrônomo – MS Fruticultura/ Ceplac-BA |
AÇAÍ4 DE SETEMBRO DE 2016 – TAGS: FICHA TÉCNICA
Nome científico: Euterpe oleracea Mart.
Nomes populares: Açaí, açaí-de-touceira e juçara. Em espanhol, é chamado de chapil, na Colômbia; bambil, no Equador; e manacá na Venezuela. Na Guiana, é chamado de manicola. O nome tupi significa “fruto que chora água” ou “fruto que ressuma água”.
Família botânica: Arecaceae
Características gerais: O açaí é uma fruteira nativa do Brasil. Ocorre nos estados de Amapá, Maranhão, Pará, Tocantins e Mato Grosso. Também ocorre nos seguintes países: Guianas, Venezuela, Colômbia, Panamá, Equador e Trinidad. A Amazônia Oriental é a área de sua maior ocorrência, no estuário do rio Amazonas, também considerado o centro de origem da espécie. O nome do gênero Euterpe é uma homenagem à deusa da mitologia grega que significa “elegância da floresta”, enquanto o oleracea se refere ao odor e à cor do fruto, semelhantes aos do vinho, segundo Oliveira et al. (2000), que fizeram excelente livro para a Sociedade Brasileira de Fruticultura. Outras informações aqui citadas terão como base o mencionado livro. Fruto: É uma drupa globosa, com diâmetro entre 1 e 2 cm e peso médio de 1,5 g, com casca roxa ou verde, conforme o tipo, com mesocarpo-polpa de 1 mm de espessura e endocarpo volumoso e duro, de forma próxima à do fruto, com uma semente.
Usos: O baixo rendimento de polpa e pouca parte comestível faz com que o açaí seja consumido somente processado; além disso, seu gosto ao natural é insípido, além de ter alto teor de antocianina, que mancha os lábios e os dentes. O principal uso do fruto é para se obter a bebida de mesmo nome da fruta, um refresco de consistência pastosa resultante da extração mecânica ou manual da polpa, separação das sementes e adição de água, durante o processo, facilitando as operações de separação da polpa das sementes e casca. Há normas do Ministério da Agricultura para classificar a polpa, conforme a quantidade de água usado, com os tipos açaí grosso ou especial, açaí médio ou regular e açaí fino ou popular, os quais têm, em média, entre 8 e 11 % de sólidos totais. Se não houver adição de água, obtém-se o açaí integral, com até 40 % de sólidos totais. Essas polpas são utilizadas em diversos processos industriais, nas áreas alimentícia, culinária, medicinal e farmacêutica. Outros produtos obtidos: açaí em pó, pasteurizado, doces, xarope, licor, vinho, sorvetes, bolos, tortas, biscoitos e geleia, entre outros. Em algumas regiões do Brasil, o açaí é parte da principal refeição do dia, sendo consumido com farinha de mandioca. O uso como energético e bebidas isotônicas é o principal em alguns centros mais populosos do país, misturado com xarope de guaraná ou outras frutas. Esse uso foi implementado a partir da década de 1990, quando teve início a distribuição nacional de polpa congelada, que também se espalhou para outros países.
Fonte: DONADIO, L.C.; ZACCARO, R.P. Valor nutricional de frutas
VALOR NUTRICIONAL DO AÇAÍ
A média do endocarpo do açaí é de 73 % e do epicarpo mais o mesocarpo é de apenas 26%. Em 1 litro de polpa com 12,5 % de matéria seca, há os seguintes componentes em g – lipídios totais – 62,4; proteínas – 14,5; açúcares totais – 3,8; fibras totais – 32,1 g.
Vitaminas – C – 33 mg; A – 5 mg; B1 – 0,36 mg.
Minerais – Os mais importantes são: potássio, com 915 mg; cálcio, com 417 mg; magnésio, com 161 mg; e sódio, com 123 mg. Mas também há boa concentração de cobre, ferro, zinco e manganês.
Ácidos graxos – Análise dos ácidos graxos do óleo da polpa de açaí mostra que contém ácidos graxos insaturados em até 61 %, poli-insaturados, em 10,6 %, com valor medicinal.
A constituição centesimal do açaí (com xarope de guaraná e glucose) é a seguinte – umidade – 73,9 %, kcal – 110, proteínas – 0,7 g, lipídios – 3,7 g, carboidratos – 21,5 g, fibras – 1,7 g; entre os minerais, predominam o cálcio – 22 mg, potássio – 75 mg, sódio – 15, magnésio – 13 e fósforo – 11 mg.
Foto 1. Frutos de açaí, com sua cor negra a violeta, sendo vendidos no mercado de Belém, Pará, embalados em cestos de fibras vegetais (Foto: M. do S. P. de Oliveira)
Foto 2. Máquinas usadas no despolpamento do açaí (Foto: M. do S. P. de Oliveira)
Foto 3. Produtos mais comuns do açaí no mercado (Foto: M. do S. P. de Oliveira)
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
A colheita do fruto do açaizeiro é efetuada aproximadamente 180 dias após a florada, ocasião em que o epicarpo apresenta cor roxa-escura ou verde-escura, ambas recobertas por uma camada acinzentada.
Nas áreas de extrativismo de açaí, a colheita é efetuada no horário matinal, e constitui-se em operação onerosa e difícil de ser realizada, especialmente em plantas com altura superior a 10 metros. É efetuada escalando-se o estipe e cortando-se o cacho em sua base, o qual é trazido para o solo pelo próprio escalador.
Fonte: OLIVEIRA, M.S.P.; CARVALHO, J.E.U.; NASCIMENTO, W.M.O. Açaí, Jaboticabal: Funep, 2000.